quinta-feira, 5 de novembro de 2009

POSTO DE DESINFECÇÃO DE LEIXÕES

Pelo porto de Leixões passaram centenas de milhares de pessoas, embarcando para as mais variadas partes do mundo.
E aqui chegavam também navios de todo o mundo, com o perigo de trazer doenças perigosas.
Daí a necessidade da existência de um posto de desinfecção para evitar a propagação das doenças.
São conhecidas as quarentenas as que os passageiros eram sujeitos quando se revelava qualquer doença a bordo.
A ciência médica que estuda este ramo da medicina é a Sanidade Marítima. E este é o título do livro, de 1911, da autoria do Dr. José Domingues de Oliveira, que exerceu, em Leixões, a função de Guarda-mor de Saúde da 2.º Circunscrição Sanitária Marítima.
Esta fotografia foi extraída do referido livro, exibindo o que de mais moderno havia ao tempo para a desinfecção dos navios.

7 comentários:

  1. Simplesmente Fantástico.
    Caro DR.Américo Freitas, pedia-lhe o especial favor de poder publicar este seu artigo no meu blogue.

    Pode ser?

    Saudações Marítimas
    José Modesto

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  2. Modesto andei pelas ruas e cafés de matosinhos a fumar e beber com o desgosto de nao te ver e tu nada, impossivel de ver o teu rasto , os Rangers nao deixam Rasto tà mais do que visto ,deduzo que se fosse uma gaija boa e loira ,logo tavas là ....Mas o teor do meu comentario é a foto que pedes para ser publicada . Tu que està ligado às embarcaçoes etc etc , nao hà possibilidade de mandares ali um barco à casa Amarela para uma grande DESINFECCAO ????

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  3. Um Decreto de 20/04/1893 aprovou a criação e construção da Estação de Saúde e Posto de Desinfeção de Leixões:
    a escolha do local não foi fácil, pois o 1.º Comité do Governo Civil do Porto criado para a escolha do local optou por algures junto à praia entre o Molhe Sul do porto de Leixões e o Castelo do Queijo, loca que foi muito contestado;
    assim, um 2.º Comité criado para o efeito sugeriu para local do posto de desinfeção algures no lado interior do Molhe Norte, próximo do local atual do Terminal de Petroleiros.
    Mas só a 23/10/1900 foi lançada a 1.ª pedra, depois de um Decreto deste mês ter atribuído receitas próprias e a autorização de um empréstimo à Associação Comercial Portuense para esse efeito, tendo sido aberto quase 5 anos depois, em fevereiro de 1905.
    Ocupando uma área de 80 000 metros quadrados (80 x 100 m), e tendo sido todo ele construído com pilares de ferro fundido e com as faixas, as portas e as janelas de pedra (oriunda das Pedreiras de S. Gens através da linha férrea criada para a construção do Porto de Leixões) sendo as paredes exteriores de alvenaria, compreendia 3 zonas e ainda um edifício exterior com capacidade para 50 pessoas que precisassem de ficar em quarentena:
    a zona infetada a oeste junto ao cais, onde os bens e passageiros suspeitos eram recebidos diretamente das lanchas de desinfeção que os iam buscar aos barcos chegados ao porto de Leixões;
    a zona neutral ao centro, onde era feita a desinfeção deles, em vários compartimentos separados (bens consoante o seu tipo, passageiros conforme o sexo, e empregados), sendo a do bens feita por arejamento ou ventilação, por dióxido sulfúrico ou pelo calor em estufas;
    a zona limpa a leste, para onde iam os bens e passageiros suspeitos já desinfetados e por onde saíam pelas portas voltadas a leste.
    Recentemente, o edifício foi completamente recuperado de acordo com um projeto do arquiteto matosinhense Álvaro Siza Vieira e foi oferecido à Alfândega do Porto.

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  4. Pela Lei de 30/06/1914 (Orçamento aprovado para o ano económico de 1914-15), foram atribuídos ao Ministério do Interior 11 024$00 para o pessoal dos quadros dos serviços sanitários do porto de Leixões, 700$00 para despesas varáveis com o pessoal e 2000$00 para materiais e despesas diversas nesses serviços sanitários.

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  5. Em setembro de 1917, encontrava-se montada a Base Naval Francesa de Leixões que se instalou junto da Estação de Saúde e Posto de Desinfeção de Leixões sob o comando do Capitão-de-fragata René Nielly e tendo como subalternos um 1.º Tenente, um médico, um engenheiro naval e 2 comissários.

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  6. A propósito da Estação da Saúde e Posto de Desinfeção de Leixões, um pouco sobre o leceiro Domingues José de Oliveira que nele foi Guarda-mor de Saúde da 2.ª Circunscrição Sanitária Marítima -
    Filho do marítimo matosinhense José Domingues de Oliveira nascido em Sandim (filho de João Domingues de Oliveira e de Rita Maria de Jesus que sabia escreve, moradores que foram no lugar de Sandim na freguesia de Matosinhos do concelho de Bouças) e da leceira doméstica D. Rosa Cândida dos Santos Araújo (filha de José Nogueira dos Santos e de D. Maria Francisca dos Santos Araújo), nasceu na R. do Arnado por volta das 22H00 de 17/02/1865 e foi batizado a 15/03/1865 na Paroquial Igreja de São Miguel da Palmeira pelo presbítero Manuel Gonçalves, Coadjutor da freguesia, tendo sido seus padrinhos o Ex.mo Sr. José Pinto de Araújo (solteiro e negociante, morador na R. do Monte) e a sua avó materna Rita já viúva (assento de batismo n.º 11 de 1865, paróquia de São Miguel da Palmeira).
    Licenciou-se em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1900.
    Manteve correspondência regular com um seu amigo, o médico e político Dr. Afonso Cordeiro que foi o 1.º presidente da Câmara Municipal de Matosinhos após a implantação da República:
    a 19/06/1896, escreveu-lhe uma carta de Salamanca com as suas impressões sobre a cidade de Salamanca;
    a 28/06/1898 e a 04/07/1898, escreveu-lhe uma carta de Baños de Ledesma com as suas impressões sobre as termas de Baños de Ledesma;
    a 23/08/1900, escreveu de Bagñeres uma carta ao Dr. Afonso Cordeiro sobre assuntos clínicos;
    a 11/05/1906, escreveu-lhe de Leixões, em papel timbrado da 'Estação de Saude do Porto (Leixões)', sobre um curso de sanidade marítima para médicos;
    a 04/07/1907, escreveu-lhe uma carta de Evian-les-Bains, em papel timbrado do Spendide Hotel em Evian-les-Bains, sobre o tratamento que estava a fazer nas termas de Evian-les-Bains;
    a 09/09/1907, escreveu-lhe uma carta de Montreux, em papel timbrado de "Montreux Palace Hôtel (Suisse);
    a 01/07/1908, escreveu-lhe uma carta pedindo-lhe um atestado médico para ir para as termas de Evian-les-Bains em França;
    a 26/08/1908, escreveu-lhe uma carta de Evian-les-Bains em papel timbrado do Spendice Hotel;
    a 25/11/1912, escreveu-lhe uma carta de Paris, sobre a operação aq ue tinha sido submetido em Paris;
    a 26/01/1921, escreveu-lhe de Ville Borghèse Neuilly s/ Seine agradecendo-lhe as felicitações enviadas pelo facto de ter sido lembrado o seu nome para membro da Academia de Medicina.
    Publicou o seu livro 'Sanidade Marítima' em 1911.
    Em setembro de 1917, exercia em Leixões a função de Guarda-mor de Saúde da 2.ª Circunscrição Sanitária Marítima.
    Foi o 3.º presidente da Delegação do Porto da Cruz Vermelha Portuguesa, fundada a 08/04/1897.
    Foi pioneiro na luta contra o cancro introduzindo em Portugal a prática da radioterapia profunda dedicando-se por volta de 1920 ao tratamento gratuito de doentes oncológicos no Porto com o seu colega Roberto de Carvalho e integrando, juntamente com outras personalidades como Alberto de Aguiar e Carlos Ramalhão, uma Comissão encarregada de promover o combate social à doença e a proteção dos doentes.
    Publicou o seu livro ‘Os cancros e o rádio’ em 1923.
    Foi preso em 1924 por motivos políticos ligados à sua amizade com Hintze Ribeiro.
    Faleceu a 23/05/1925 em Paris com 60 anos.

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