POSTAIS COM HISTÓRIA 08
Publico mais um postal
comercial, desta vez do Central Hotel, então sito no n.º 19 de Rua Brito
Capelo.
È datado de 1 de Agosto de
1916 e endereçado á Fábrica de Licores Âncora, cujos escritórios comerciais se
situavam na Rua do Alecrim, e fábrica na Rua de S. Cyro, 23 em Lisboa.
O remetente é um dos
caixeiros-viajantes da empresa a dar notícia dos negócios que angariou.
Era diretor, e proprietário
da firma, Leopoldo Wagner. Era filho de Ernesto Wagner, originário da saxónia, marceneiro
e músico de grande qualidade. Em 1848, em sociedade com Carlos Augusto Habel,
fundou em Portugal a primeira fábrica portuguesa de pianos. Era um notável
trompetista, tendo sido professor daquele instrumento junto do rei D. Luís, o
qual nutria por ele uma afeição muito especial e em 1849 nomeou-o Músico da
Real Câmara. Ernesto Wagner foi, também professor no Conservatório Real de
Lisboa, lecionando a cadeira de instrumentos metálicos. Na sua época foi o
único reparador de instrumentos de corda que existiu em Portugal.
Na década de 40 do século XIX, Leopoldo
Wagner fundou a Fábrica de Licores Âncora a qual tinha sede no Largo Marquês de
Nisa, em Xabregas, prédio entretanto demolido.
Esta fábrica produziu alguns dos produtos
que eram líderes nas suas categorias, nomeadamente o absinto. Fabricava ponche,
rum, genebra, licor de pêssego, triplice, curação de hollanda, anis, licor de
ouro, entre tantos outros. Os cartazes e os rótulos da Âncora eram de uma
beleza incontornável. Houve sempre uma preocupação da elaboração e registo das
marcas, dos modelos das garrafas, dos rótulos e publicidade da "Fábrica
Âncora, destilação a vapor, xaropes espirituosos e licores"
Nos anos 80 do século passado encerrou devido ás novas regras da distribuição de bebidas, sendo transformado num antiquário que vendeu parte do espólio.
Nos anos 80 do século passado encerrou devido ás novas regras da distribuição de bebidas, sendo transformado num antiquário que vendeu parte do espólio.
O Central Hotel começou a funcionar em Agosto de 1904,
por iniciativa de José Alves de Brito e Francisco Xavier Gouveia, proprietários
do Café Central, que se situava no prédio contíguo.
Foi demolido nos fins dos anos 40 do séc. passado,
sendo construído, por Edmundo Ferreira, um novo edifício destinado ao mesmo ramo
de actividade: O Hotel Porto-Mar, com o seu sempre recordado Café.
O Central Hotel,
anteriormente propriedade de Mello, Braga & Barbosa, pertencia a Tomás
Alves, nesta época.
Em 1916 praticava os
seguintes preços:
Diárias: 1$000, 1$200 e
1$500 reis
Almoços: 500 reis;
Jantares: 600 reis.
Em 1934, segundo o Guia de Leixões,
anunciava estes preços:
34 quartos
Diárias – 25$00, 30$00 e 40$00
Criados ou chauffeurs – 15$00 (incluídas 3 refeições)
Quarto – 10$00
Almoço – 12$00
Jantar – 15$00
Banho frio - 2$50
Banho quente – 5$00
Pequeno almoço – 3$00
No local onde se situava o Central Hotel ergue-se hoje o edifício
do Hotel Porto Mar.
Imagens - Anúncio no Jornal A Verdade, de 16-11-1916; Sala de Jantar do Central Hotel, do Guia de Leixões, 1934; Postal comercial do Central Hotel